Trocar de problemas é ótimo


Dentre as diversas facilidades que a internet trouxe ao brasileiro, uma das mais importantes é sem dúvida a popularização da produção de conteúdo. Não só é possível entrar em contato com outras camadas da sociedade que antes estavam indisponíveis pelas barreiras sociais, mas principalmente, conhecer culturas de outros povos, seu cotidiano, seus problemas, suas alegrias, etc. 

Assim, quem é filho dos pobres imigrantes que caíram na pegadinha da América portuguesa tem chance de conhecer outros lugares do mundo mais sérios e se informar sobre o cotidiano em outros lugares através das próprias pessoas, não por órgãos do governo.

Em alguns casos, é possível até ver a opinião de outros brasileiros que se mudaram para outro país. Assim, podemos notar quais aspectos mais chamam a atenção de brasileiros no exterior. Normalmente é o preço das coisas (produtos, impostos, juros), a violência - ou falta dela - pra quem veio de SP ou RJ principalmente, e a honestidade das pessoas na rua. Mas com o passar do tempo, algumas outras características dos locais começam a chamar a atenção com a convivência. E é aí que a coisa começa a ficar interessante.

Podemos fazer a mesma observação em canais de Youtube de gringos que casaram-se com brasileiros e vieram morar no Brasil. Uma das mais recorrentes é como as famílias brasileiras se sentem no direito de interferir na vida pessoal de seus filhos adultos, mesmo que eles sejam casados e com filhos. Isso é algo bizarro para diversas culturas, que tratam a pessoa que completa a maioridade como (surpresa) um adulto. Um outro ponto que alguns estrangeiros observam no comportamento dos brasileiros com suas famílias é um contato excessivo, algo como ter que falar ao telefone diversas vezes por semana mesmo que não tenha muito assunto, só para "mostrar que lembrou". Talvez isso seja algo latino, e também aconteça com nossos vizinhos argentinos, colombianos, chilenos... Mas para alguns povos europeus e asiáticos este comportamento é bem estranho.

Alguns dos brasileiros residentes em outros países alertam que achar que simplesmente se mudar é uma solução milagrosa para todos seus problemas é um engano. Eu concordo, em parte. Primeiro, é preciso ver se a pessoa se adapta na cultura do país de destino. Como descrito anteriormente, a cultura latina e de outros lugares é bem diferente, mas atualmente a pessoa não precisa viver em outra nação pra saber: pode pesquisar e juntar conhecimento sobre o local pela internet, e refletir se vai conseguir ou não se adaptar. Pessoas muito emotivas, que precisam de constante atenção e contato humano, provavelmente não vão ser felizes na Alemanha e em países da Escandinávia, por exemplo. Porém, um dos argumentos que me chamou a atenção por ser usado com frequência por diversos brasileiros arrumando razões para não mudar de país é o seguinte "quando você muda de país você só está trocando de problemas então nem vale a pena".

Bom, como muitos de vocês sabem, resolver problemas é basicamente o dia a dia de alguém da área de exatas, e essa linha de raciocínio não faz muito sentido. Primeiro, porque uma das estratégias mais básicas para resolver um problema é exatamente tentar transformá-lo em algum parecido com algo que já vimos e já temos idéia de como resolver. Outra estratégia possível envolve tentar quebrar um problema grande em outros menores e depois ir juntando cada solução dos problemas pequenos para tentar chegar na solução do problema grande, o que de certa maneira também é uma transformação.

Então, pelo menos pra mim, trocar de problemas é algo excelente. Você só precisa escolher com quais problemas prefere lidar.

Fica aí mais uma opinião que não vale nada e que era longa demais para as redes sociais. ;D

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