A Meia Idade ( e + um pouco)

As despedidas que ainda não foram percebidas 

Recentemente assisti um vídeo com uma idéia muito interessante e assustadora: fazer uma estimativa de quantas vezes você ainda vai ver algumas pessoas importantes até o final da sua vida, e estimar cenários com mais anos ou menos anos de vida. Para uma pessoa na "meia idade", ou seja, entre 30 e 40 anos, os dados são um pouco angustiantes. Nossos pais ( ou os que ainda estiverem vivos ) por exemplo, terão mais ou menos 3 ou 4 meses de contato caso você more sozinho (ou com o cônjuge)  e os visite 3 dias por ano:
  1. Vivendo mais 20 anos,  20 x 3 = 60,
  2. Vivendo mais 30 anos, 30 x 3 = 90, 
  3. " " , 40 x 3 = 120.
  4. " " , 50 x 3 = 150...
Alguns amigos de infância ou parentes que você nem tem mais contato podem ser praticamente considerados mortos seguindo esse raciocínio. 

E com a existência de redes sociais que de alguma maneira nos mantêm "informados" sobre a vida de conhecidos, acaba sendo uma experiência estranha acompanhar o quanto nossas vidas ficam diferentes, sendo que por um periodo curto de tempo foram tão parecidas.


A percepção do tempo e a mortalidade 

Quanto mais ocupados estamos, mais devagar o tempo passa - um ano em que muito foi feito parece passar muito mais devagar do que um ano com uma rotina leve e cheio de lazer. Por outro lado, parecem haver evidências científicas que com o aumento da idade o tempo parece passar mais rápido. Pra mim, o tempo parece estar passando muito mais lentamente do que durante os anos de adolescente e início da vida adulta, e muito tem a ver com a carga de trabalho/estudo que eu tenho pegado nos últimos anos.

Talvez por isso muitas pessoas não fiquem tristes conforme a idade avança: o pensamento de ter menos anos de vida pela frente do que os que já foram vividos não parece ter importância se os anos futuros parecerem ser muito mais intensos e relevantes do que os já vividos.


A felicidade aumentando 


Lembro de quando tinha uns 12 anos e pensava em como seria quando tivesse mais de 35. A imaginação era bem clara: com filhos, milionário, no topo de alguma empresa grande. Junto com a emoção de saber que as possibilidades eram infinitas existia o medo da quantidade de caminhos que poderia me levar ao fracasso. 

Com o tempo esses objetivos mudaram especialmente porque na época não levava em conta outros fatores como saúde e hábitos saudáveis, carga de trabalho equilibrada e qualidade de vida, custos, etc. E é engraçado o fato que na juventude normalmente não damos muita atenção pra esses detalhes porque nossos pais cuidam deles por nós.

Hoje, com 38 anos, os planos são feitos pensando principalmente na educação dos filhos. O sonho de sempre andar com carro novo e caro foi descartado pelo objetivo de ter sempre dinheiro disponível na conta bancária, em mais de uma moeda. O sonho de ter um cargo alto em uma empresa famosa foi descartado pelo objetivo de poder trabalhar remoto em uma cidade com qualidade de vida altissima sendo igualmente bem remunerado (para os padrões brasileiros!). A possibilidade de poder trabalhar remotamente, por exemplo, era algo que não existia quando eu tinha 12 anos, e isso me faz imaginar o que mais poderá mudar nos próximos anos. Será que teremos um método de educação para jovens remoto mais eficiente que ( ou com resultados igualmente bons quanto ) o presencial? Será que teremos internet gratuita e em todo o planeta?

O fato é que apesar de todos os problemas que existem hoje no mundo ( incluindo a possibilidade de guerra nuclear ) minha felicidade tem aumentado ao longo dos anos. Ter filhos ( planejados! ) foi um ponto muito importante e poder exercer a profissão que gosto sendo bem remunerado por isso é outro.  De alguma maneira, esse sentimento me fez imaginar que algo semelhante pode ter passado pela cabeça dos meus pais quando eu era criança, e talvez seja algo que todos nós humanos compartilhamos mesmo sem saber.



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